Boneca Blythe

domingo, 10 de maio de 2009

Era uma vez ...

No ano de 1935, nascia no continente Africano, uma criança, que iria revolucionar o mundo ocidental com a suas tradições culturais, religiosas, sua arte, suas cores, seus bordados, e sua enorme criatividade, ela se chamava Esther Mahlangu.
Na pintura acima , "Sou Esther, esta é a minha casa" de 2007, podemos compreender um pouco a vida e do universo dessa artista, através das formas geométricas e das cores chapadas e vibrantes que são tradicionalmente usadas nas casas e roupas pelos membros da sua comunidade Nedbele.
Assim começamos a narrar um pouco da história de vida dessa artista, que nasceu e cresceu na comunidade Ndebele de Gauteng, ao norte da Pretoria, África do Sul.
Os Ndebele, ao contrário de muitas outras tribos da África do Sul, conseguiram preservar as suas tradições ancestrais ao longo dos séculos. Apesar de ser uma sociedade patriarcal, a herança artística é passada de mães para filhas; ao chegar à puberdade, as jovens raparigas são retiradas da sociedade masculina durante três meses e são-lhes transmitidos os padrões tradicionais dos Ndebele — no século XIX esta tradição alargou-se dos têxteis às pinturas murais decorativas que são também executadas apenas pelas mulheres Ndebele. Esther Mahlangu é hoje uma figura central nesta tradição. Desenha de mão-livre, sem medições ou esboços utilizando tintas brilhantes que conferem aos seus trabalhos uma vitalidade e colorido extraordinário. À primeira vista puramente geométrico abstrato, as composições são construídas com base num complexo sistema de sinais e símbolos. Mahlangu foi a primeira artista Ndebele a transpôr os murais para telas e levar as convenções do seu trabalho a um público mais vasto. Em 1986, ela viaja para Europa para levar seus trabalhos é descoberta por pesquisadores e curadores franceses do Centre Georges Pompidou, no badalado bairro parisiense de Marais, onde teve seu trabalho exposto pela primeira vez em 1989, convidada para participar com seus quadros da exposição Les Magiciens de la Terre, evento considerado um dos principais marcos da arte global . Conquistou a Europa com sua pintura colorida e logo caiu nas graças de gente como, os artistas contemporâneos, Andy Warhol, Alexander Calder e Frank Stella.Senso convidada,em 1991, pela BMW para customizar um carro com os motivos geométricos típicos dos Ndebele,o resultado a levou à conceituada exposição de arte Documenta de Kassel, na Alemanha. Em 1989 Esther Mahlangu viajou até Paris para criar os murais da exposição "Magiciens de la Terre", e recebeu encomendas de trabalhos para museus e outros edifícios públicos como o Civic Theater de Johannesburgo, etc.
Mahlangu levou a arte Ndebele a todo o mundo e afirma hoje:“A minha mãe e a minha avó ensinaram-me a pintar quando tinha apenas dez anos. A partir daí nunca mais parei. Sinto-me feliz quando pinto.”
Esther não parou por aí, continuou levando sua arte a muitos outros lugares, no Brasil, ela vai influenciar a coleção de verão 2007 do estilista Alexandre Herchcovitch, da tribo vieram as formas da " principal roupa da tribo é um cobertor quadrado, fechado com alfinetes", diz o estilista. As cores vibrantes, claro, marca dessa tribo , os amarelos, os verdes, os vermelhos e os azuis primários, depois, combinados com marrom escuro, vieram da Ndebele, assim como as estampas primitivas, criadas a partir de referências como as casas coloridas da tribo. As miçangas com cores vibrantes bordaram as peças. A Melissa também a convidou para desenvolver criações inspiradas na estética do seu povo. Vocês viram como essa artista é importante ?como seu trabalhou influenciou a indústria da moda , roupas , sapatos , carros .
A técnica Ndebele é importantíssima para o mundo reconhecer de vez que, na África, existe arte de qualidade e complexidade – alerta. – Os ocidentais ainda tratam a arte africana sob o ponto de vista antropológico e etnológico, e sempre querem encontrar uma função utilitária para ela, resumindo-a a estatuetas e máscaras. A arte das mulheres Ndebele questiona essa visão, já que são óbvias as preocupações estéticas dessas artistas. Além disso, a arte está exposta em murais e não possui qualquer função utilitarista.
Esther Mahlangu é a pioneira em transportar a arte mural para as telas. Com o dinheiro das vendas ela está construindo uma escola de arte em Mpumalamga. Pois bem o trabalho desta artista não pára por aí. O que chama a atenção para o trabalho da artista é a função histórica e artística de seu trabalho, sobretudo a conscientização da arte. Já circula pelo mundo a técnica ancestral de pintar os muros das residências – à mão livre – com linhas e ângulos geométricos coloridos. Quando ela tinha 55, 20 anos atrás, foi a primeira mulher de sua tribo a cruzar o oceano.
Mama Esther, como gosta de ser chamada, foi o centro das atenções da semana de moda brasileira SPFW. A mulher que conhece o mundo todo, mas que ainda mora na mesma casa, na província de Mpumalanga,decidiu manter vivo – e reconhecido – o traço Ndebele. A posição firme, sua ferramenta durante o período de Apartheid, época em que reproduzia símbolos de guerra como capacetes, tanques e insígnias da Polícia nos muros de seu povoado, contrasta com sua aparência serena, maternal, quase assustada.

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